Os futebolistas portugueses novatos e veteranos são os mais faltosos, observa a investigadora Luciana Bidutte, na sua tese de mestrado no Instituto de Educação e Psicologia da UM. A realidade nacional, neste domínio específico, é igual à do Brasil.
Os futebolistas portugueses mais jovens e os que estão prestes a arrumar as botas são os mais faltosos da modalidade. Os veteranos demonstram, inclusive, apetência em lesionar o adversário, já que tende a aumentar o número de cartões vermelhos à medida que a idade avança. As revelações são da investigadora Luciana de Castro Bidutte, na sua tese de mestrado “Agressividade em Jogadores de Futebol – Estudo junto de atletas de equipas portuguesas”, obtida no Instituto de Educação e Psicologia (IEP) da UM, sob orientação de Leandro Almeida.
Na época 2000/01, esta docente de Psicologia Desportiva nas Faculdades Integradas Amparo, em São Paulo, acompanhou sete clubes da Liga (atualmente, Superliga) e outro da II Liga, num total de 125 jogadores com idades entre os 20 e os 35 anos. No escalão júnior, seguiu também de perto 88 jogadores, provenientes de cinco equipas da II Divisão B e III Divisão, cujas idades oscilavam dos 17 aos 19 anos.
Em traços globais, os seniores praticavam futebol há 14 anos e meio, assumindo mais a posição de médio e recebendo cinco cartões amarelos e nenhum vermelho ao longo do campeonato. Também, por norma, com habilitações do ensino secundário, os juniores praticavam a modalidade há oito anos, assumiram a posição defensiva e fecharam a temporada com apenas dois cartões amarelos.
Luciana Bidutte constatou que os seniores “têm uma intenção explícita em prejudicar ou lesar o adversário” (agressividade reactiva ou hostil), em comparação com os juniores. Por outro lado, quanto menor é o número de anos de futebol nos juniores e quanto maior é o número de anos de modalidade nos seniores, maior é a tendência para se ser admoestado com cartões vermelhos. Ou seja, a rebeldia da juventude e o cansaço físico e psicológico da maturidade tornam-se inimigos do “fair play”. Ao nível de agressividade para impedir um golo ou um passe decisivo, não se notaram diferenças significativas. Os dados, realça a investigadora brasileira – que tem feito vários estudos sobre futebol e outros desportos -, coincidem com os observados na sua terra natal.
A perita sublinha que estes resultados “exigem a implantação de medidas de prevenção e intervenção para o controlo do comportamento agressivo”, tanto nos escalões de base como no escalão profissional. Paralelamente, “deve ser reforçado o papel de técnicos e psicólogos no aprimorar das habilidades mentais dos atletas”, para que obtenham o rendimento máximo na competição. O mesmo se aplica aos próprios treinadores, “que devem incutir comportamentos alternativos e táticas eficazes e socialmente aceites”. Isso poderá ser conseguido através da adopção de uma mentalidade positiva diante das dificuldades, no encarar do medo como desafio e no alcançar de um nível de ansiedade favorável, clarifica Luciana Bidutte.
Curso de Jornalismo Desportivo na UM
O Departamento de Ciências da Comunicação (DCC) da UM promove, entre os próximos dias 13 e 17 de Junho, o seu primeiro mini- curso de Formação Avançada em Comunicação e Jornalismo Desportivo, em horário pós-laboral. As explicações teóricas e a discussão de casos práticos nas cinco sessões – particularmente a estratégia da marca no desporto e os constrangimentos e especificidades jornalísticos – vão ser conduzidas por docentes e investigadores do DCC, que trarão como convidados, entre outros, o responsável de Marketing do FC Porto, Jorge Sousa, e o subdirector de Informação da RTP, Carlos Daniel.
Provavelmente devido ao impacto social e comunicacional que o desporto tem no dia-a-dia, o número de vagas deste curso intensivo de curta duração encontra-se lotado, incluindo 25 jornalistas, assessores e comunicólogos.
Artigo publicado por Luciana Bidutte na sua tese de mestrado no Instituto de Educação da UM – em 12 de junho de 2005.